No estacionamento do Cadeg, um dos maiores mercados de abastecimento do Rio de Janeiro, existe, com certeza, uma casa portuguesa. Entre lojas de plantas, restaurantes e carros que procuram vaga, descortina-se a Adrimar, importadora familiar onde é possível encontrar vinhos incríveis, pouquíssimo conhecidos por aqui, e com um custo-benefício muito interessante.
Vários aspectos diferenciam a pequena loja de vinhos das outras que também ficam no Cadeg. Mas o principal deles talvez seja a alma que está por trás – e à frente – do negócio: Bernardo Gonçalves. Nascido na região vinícola do Douro, ele já fez de tudo um pouco, foi agente de turismo e há três anos e meio abriu a loja, que comanda ao lado da mulher e do filho, e junto com atenciosos funcionários.
Na loja do seu Bernardo, o cliente se sente verdadeiramente à vontade. A gente vai conversando com ele e com a pequena equipe e vai aprendendo mais sobre as diferenças entre as regiões produtoras, as uvas e os vinhos portugueses, todos trazidos ao Brasil com exclusividade por ele. O aprendizado é teórico e prático, já que se pode experimentar as bebidas e as comidas vendidas no local.

Na loja, há dezenas de rótulos de vinhos de regiões como como Douro, Alentejo, Beiras e Bairrada, entre outras
Nas prateleiras, há vinhos de lugares como Douro, Alentejo, Beiras e Bairrada, além de Vinho do Porto. E se encontram também outras deliciosas referências da gastronomia portuguesa. Entre elas, azeite extra virgem, Ginjinha (licor à base de frutas) de Óbidos, bagaceira (aguardente de vinho), queijo da Serra da Estrela e os “enchidos”, que são defumados suínos.

Cadeg: mercado de abastecimento onde se encontram hortifrutigranjeiros, restaurantes e lojas de vinhos
Mas os vinhos são a paixão desse português simpático que aprendeu desde criança o sabor da culinária do interior de Portugal, onde o que se cozinha e tempera é produzido nos quintais das casas e chácaras. Nos anos 60, Bernardo chegou a exercer a função de Fiscal dos Vinhos do Porto, como são chamados os profissionais que dão ou não o aval para os vinhos que poderão sustentar esse título.
Saímos da loja com ótimos vinhos, diferentes dos que estamos habituados, mas muito saborosos e que trazem em si características específicas de cada região. Entre os destaques, na nossa opinião, estão (foto acima): Tinto do Barro 2013, um alentejano bastante frutado da Herdade Penedo Gordo; Chão de Gonçalo 2010, da região Beira Atlântico, feito com as castas syrah, baga e touriga nacional; Compota 2007, tinto do Douro elaborado só com a uva touriga nacional; e Viseu de Carvalho 2006, também do Douro, resultado de uma combinação intensa das castas touriga nacional, touriga franca, tinta carvalha, tinta barroca e tinta Roriz.
Nenhum deles saiu por mais de R$ 40, em parte graças às promoções da loja. Verdadeiros achados tanto para o dia a dia como para acompanhar a comida típica portuguesa em ocasiões especiais.
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