O tempo em que beber vinho era para poucos conhecedores está, felizmente, ficando para trás. Mesmo em cidades onde o happy hour ainda é dominado pela cerveja, vinhos e espumantes ganham cada vez mais bebedores, inclusive em balcões despojados. Foi nesse clima de “Garçom, traz mais uma taça!” que aconteceu nessa quinta-feira (12.05), no Rio, o lançamento do Caderno do Vinho. Trata-se de uma espécie de agenda, que traz dicas do renomado chef italiano Danio Braga, para qualquer um que quiser aprender a (ou brincar de) fazer degustações e harmonizações com a bebida.
O Botequim do Vinho foi conferir e gostou do que viu. Primeiro pelo fato de terem sido escolhidos vinhos brasileiros para compor a degustação durante o evento. Quem comprava o caderno, ganhava uma sequência que incluía um branco, um rosé e um tinto (falaremos já sobre eles). Segundo porque o local escolhido, a WineHouse, é um bar de vinhos que ainda não conhecíamos e que, além de bons preços e carta com mais de 60 rótulos (vários deles em taça), tem uma informalidade muito bem-vinda.

WineHouse, bar de vinhos em Botafogo, Zona Sul do Rio, onde ocorreu degustação e lançamento do Carderno do Vinho
O caderno, elaborado pela Cicero Papelaria, é uma ferramenta que busca descomplicar o vinho e mostrar que qualquer pessoa, e não só especialistas, pode degustar e “brincar de sommelier”. É só ir registrando as suas impressões, com o auxílio de termos que o ajudam a decifrar e a “traduzir” o que bebeu. Assim, dá para tomar nota de quais vinhos mais gostou e os porquês, criando um ranking particular para se aprimorar no assunto.
No Caderno do Vinho há uma introdução com as informações básicas sobre os tipos da bebida: brancos, rosés, tintos, espumantes e de sobremesa. E ainda as principais expressões usadas nas degustações e algumas orientações sobre como servir (temperatura, tipos de taças etc.).
Além disso, Danio Braga dá orientações gerais sobre como harmonizar vinhos e comidas. O chef é muito conhecido no meio gastronômico do Rio por comandar a cozinha do Locanda Della Mimosa, premiado restaurante de Petrópolis, na Região Serrana. As dicas são valiosas, mas ele mesmo ressalta que nada é regra. É preciso dar prioridade para o gosto de cada um, que será sempre diferente.
Depois dessa introdução, vem o que interessa. O caderno tem fichas por meio das quais é possível analisar 72 rótulos quanto a aspectos visuais, olfativos e também, é claro, relativos ao paladar. São características como acidez, tonalidades, aromas, intensidade, equilíbrio, entre outras. É uma ótima forma de nos lembrarmos de cada detalhe dos vinhos que nos deixam com aquela “vontade de quero mais”.
Degustação – O lançamento do caderno foi acompanhado de uma degustação de vinhos brasileiros nada óbvios e muito interessantes. A começar por um branco feito em Minas Gerais pela vinícola Luiz Porto, que tem 15 hectares de vinhedos na Zona Cafeeira, no sul do estado.
Há algum tempo, a terra da cachaça vem produzindo vinhos ainda pouco conhecidos do público em geral. Provamos o Dom de Minas, safra de 2015 da qual foram feitas apenas duas mil garrafas.
Ele é feito com a uva sauvignon blanc e achamos bastante bom, refrescante e frutado. Talvez precisasse de um pouco mais de acidez para lembrar ainda mais alguns chilenos feitos com essa cepa.
Em seguida, foi a vez do Terroir de Rosé (2015), produzido na Campanha Gaúcha (RS). Elaborado com uma combinação das uvas merlot, syrah e teroldego, tem um estilo – e um tom rosa claro – que lembra os vinhos da Provence, a terra do rosé na França.
O produto é fabricado pela Vinhética, pequena vinícola de enólogos franceses que estão há dois anos no Brasil. A história deles, aliás, é um capítulo à parte, e voltaremos a ela em breve aqui no Botequim.
Para fechar, foi a vez do tinto (que ainda não conhecíamos) Valmarino Merlot (2014). O rótulo foi customizado para a WineHouse pela Valmarino, vinícola-boutique de Pinto Bandeira, na Serra Gaúcha.
O vinho, embora de safra recente, tem um aroma muito agradável de compota de frutas vermelhas, o que também se sente ao beber. Para nós, muito, muito bom.
No saldo final, o nosso caderninho já tem três de suas fichas preenchidas. E a estréia foi das melhores: com vinhos brasileiros simples – no bom sentido –, bons, baratos e despojados como devem ser as bebidas e as conversas nos melhores balcões.
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