Nossa visita à Bodega Vistalba, no coração de Luján de Cuyo, em Mendoza, foi mais rápida do que gostaríamos porque erramos o caminho e chegamos atrasados. Assim, apesar de ainda estar em curso o passeio de um grupo de turistas, fomos levados, sem muito boa vontade da atendente, diretamente à sala de degustações, que fica numa casa ao lado da principal.
No caminho até lá, pudemos ver uma parte da moderna e bonita construção. Nossa degustação foi feita em um confortável sofá, depois de descermos por uma linda escada de pedras até o subsolo. Ali fica uma grande sala de barris de carvalho e a adega.

Prédio principal da jovem bodega, que foi construída em 2001 e cuja primeira safra chegou ao mercado quatro anos depois
A vinícola é fruto de um projeto pessoal de Carlos Pulenta, filho do italiano Don Antônio Pulenta, um dos fundadores da antiga bodega Peñaflor. Tendo nascido em uma família onde o vinho fazia parte da cultura e da vida de cada um, ele seguiu esse caminho e, com o trabalho de familiares e amigos, criou a Vistalba.
O prédio começou a ser construído em 2001 e a primeira safra foi a de 2003, vendida apenas a partir de 2005. Para fazer os vinhos são usadas tecnologias de vanguarda e métodos de elaboração tradicionais. A bodega é preparada para que todo o processo de elaboração dos vinhos seja feito por meio da gravidade, e sem o uso de bombas.

Garrafas de vinhos da linha Tomero, a mais conhecida da vinícola, exposta na loja que tem vista para parte dos vinhedos
Os vinhos são feitos a partir de uvas produzidas no local, Luján de Cuyo, onde estão 50 hectares (área correspondente a 50 campos oficiais de futebol) de plantação. As videiras desse terreno são antigas, têm cerca de 70 anos, e são das variedades malbec, cabernet sauvignon e bonarda.
Já na região do Valle de Uco, bem ao sul da cidade de Mendoza e a 1.169 metros acima do nível do mar, estão outros 402 hectares de plantação. Lá está a produção de uvas chardonnay, pinot noir, viognier, merlot, semillón, petit verdot, sauvignon blanc, syrah, aspiran, além de malbec e cabernet sauvignon.

Vinhedo de cabernet sauvignon é parte dos 50 hectares de plantações que a vinícola tem só na sede, em Luján de Cuyo
Durante todo o ano as plantas são analisadas, o solo estudado para que os resultados das pesquisas possam ser sempre aplicados às safras seguintes. O aprendizado com as uvas nunca acaba.
Degustação – Depois dessa breve explicação, fomos ver qual seria a nossa impressão sobre os vinhos da Vistalba. Começamos a degustação com um espumante, o Progenie II, feito de chardonnay e pinot noir. Ao longo das visitas às bodegas, bebemos poucos espumantes nas degustações oferecidas. Esse nos surpreendeu: achamos bastante bom, além de ter um bonito tom rosa bem claro.
Em seguida, fomos ao Tomero Rosé, de malbec, feito exclusivamente com uvas do Valle de Uco. Sua cor é mais para um rosa escuro. Achamos mais para ácido, mas ainda assim esequilibrado, e fresco.
O terceiro vinho foi um tinto, o Tomero Reserva 2013 Malbec. Ele fica no mínimo 12 meses em barrica de carvalho e mais um ano, pelo menos, na garrafa. Achamos muito bom – sem dúvida, um dos destaques da degustação (e compramos uma garrafa).
O último vinho foi o Corte A 2012, feito com 67% de malbec, 8% de bonarda e 25% de cabernet sauvignon. Esse foi o nosso preferido. Vinho potente, equilibrado e delicioso.
Apesar de a degustação ter sido conduzida sem muita calma, achamos os vinhos muito bons. O lugar é bastante bonito e tem até uma pequena pousada, com apenas dois quartos – que dão de cara para a Cordilheira dos Andes. Deu vontade de ficar por lá, nesse local tão exclusivo.
Fomos embora satisfeitos, mesmo sem termos feito a visita detalhada que havíamos programado, por causa do nosso atraso. Na saída, após colhermos algumas azeitonas das oliveiras que dão graça ao jardim que fica ao lado dos vinhedos, a sensação de que estávamos terminando muito bem aquele dia de aventura, que tinha começado com os grandes vinhos da Achaval Ferrer e continuado, antes da Vistalba, na Norton, primeiro com um passeio cheio de histórias e, depois, com um almoço inesquecível.

Paisagem à frente da sede da bodega: 50 hectares de vinhedos das cepas malbec, cabernet sauvignon e bonarda
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