Em uma das nossas vezes em Paris, ficamos hospedados em um hotel no Boulevard Saint-Germain, na região mais próxima à Sorbonne e ao Instituto do Mundo Árabe. É onde nós chamamos de fim do boulevard, se considerarmos o sentido dos carros, mas é o início, se formos pela numeração. A vizinhança é ótima. Podemos encontrar, em poucos passos, uma loja de queijos, outra de frios, peixaria, padaria, loja de doces. E uma loja de vinhos, claro.
No nosso primeiro reconhecimento da região vimos logo de cara a “Le Vin Qui Parle”, uma lojinha charmosa, com uma decoração moderninha e alguns vinhos expostos na vitrine. Passamos a viagem inteira brincando com o nome divertido da loja que, em português, quer dizer “o vinho que fala”.
Como ainda não levávamos essa brincadeira de vinho muito a sério, dessa vez compramos todas as nossas garrafas no supermercado, por acharmos que teria um preço melhor. Mas não nos esquecemos da loja.
Em outra estadia nossa em Paris, estávamos a caminho do mercado para comprar alguns vinhos com o preço mais em conta para enchermos a mala de vinhos, que sempre vai vazia e volta cheia, quando passamos pela “Le Vin Qui Parle” e, finalmente, entramos. Quanto arrependimento por não termos feito isso antes!
O nome da loja não é gratuito. O objetivo é deixar pessoas que não são experts em vinhos à vontade para conseguir escolher. A organização dos vinhos é muito clara e feita por regiões. Em cima das prateleiras, está a frase “régions à la carte”, indicando essa forma de organizar as garrafas.
Há exemplares do Rhône, do Loire, de Languedoc, da Provence, da Borgonha… São mais de 90 produtores de vinhos franceses selecionados durante todo o ano por meio de visitas aos domaines, como são chamadas as vinícolas. Segundo a funcionária da loja, mais de três mil vinhos são degustados por ano para que os produtos sejam selecionados.
No local, também é possível fazer degustações. Todo sábado, a partir das 15h30, há degustações gratuitas com a presença de um produtor. Se o objetivo é algo mais reservado, é possível marcar degustações para grupos de no mínimo 8 pessoas escolhendo um tema e modelo para o evento.
Com tudo explicado de forma tão simples, ficamos com vontade de descobrir vinhos diferentes mas, ao mesmo tempo, não conseguimos desapegar do que já sabemos que gostamos. Assim, escolhemos um Chablis e um Bordeaux. Para sairmos do que já conhecemos, pedimos uma indicação à atendente de algo mais encorpado. Ela nos veio com um exemplar do Loire. Está na adega, depois contamos o que achamos.
Para quem mora na região e precisa do vinhozinho do jantar, assim que o cliente entra na loja há um balcão com o nome “pour ce soir”, com indicações de vinhos para o dia-a-dia ou para uma refeição mais especial. Os preços são mais em conta. Para o jantarzinho de durante a semana ainda não podemos ser clientes, mas já estamos sonhando com a garrafa que será comprada para, quem sabe, uma ceia de Natal ou de Réveillon. Sonhar não custa nada.
Onde: 64, Boulevard Saint-Germain
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