A Route Touristique du Champagne – rota turística com as estradas que percorrem as cidades da região – se divide em seis circuitos diferentes. As possibilidades são muitas. No nosso caso, depois de no primeiro dia termos escolhido o caminho pela “Montagne de Reims”, passando pelas cidades que ligam Reims a Epernay (consideradas as duas “capitais da região”), agora era a vez de irmos um pouco mais para o sul, em busca de outras vilas e seus pequenos produtores.

Ruas de Avize, umas das 17 cidades da região de Champagne-Ardenne cujos vinhedos são classificados como ‘grands crus’
Assim, logo na manhã do nosso segundo dia em Champanhe voltamos à estrada para fazer o percurso pela região conhecida como a Côtes des Blancs. Como diz o nome, “Costa das Brancas”, já nessa parte há um predomínio absoluto de plantações da uva branca chardonnay.
A partir de Epernay, o caminho é todo envolvido por vinhedos a perder de vista. Uma a uma, as vilas vão se descortinando na nossa frente: Chavot, Cramant, Avize, Oger, Le Mesnil-sur-Oger e Vertus, a última que conseguimos fazer em um dia de percurso, com as necessárias e maravilhosas paradas para fotos e degustações.
Logo no início do caminho, demos de cara com a enorme garrafa de champanhe (foto abaixo) na beira da estrada na entrada da cidadezinha de Cramant. Pausa obrigatória e turística para fotos.
Seguimos em direção a Avize, onde havíamos marcado visitas a dois vignerons (pequenos produtores independentes), o ‘Champagne Bouquin Dupont et Fils’ e o ‘Champagne Chardonnet et Fils’ (falamos sobre cada um deles nos posts seguintes). A cidade é, como todas, bem pequena. Nesse mesmo vilarejo está o famoso produtor Jacques Sélousse, com quem tentamos combinar um encontro, o que não foi possível porque agosto é período de férias na França e muitos produtores viajam e as suas casas ficam fechadas para visitas.

Vinhedos de chardonnay a perder de vista emolduram a pequena vila de Avize, uma das mais bonitas da ‘Côte des Blancs’
Um dos mais importantes aprendizados desse dia de viagem foi o fato de que, diferentemente da região da Borgonha, por exemplo, em Champanhe os vinhedos – e o champanhe produzido a partir deles – são classificados de acordo com a cidade onde estão localizados. Segundo a denominação de origem estabelecida em 1927 para a região, dos 200 vilarejos classificados, há 17 considerados “grands crus” (os melhores) e 43 “premiers crus” (o segundo nível). Champanhes elaborados com uvas de vilarejos classificados como “grand crus” ou “premier crus” ostentam essas denominações em seus rótulos.
Assim, se um champanhe é produzido numa cidade classificada como “grand cru”, ele necessariamente tem essa classificação. Para efeito de comparação, podemos dizer que na Borgonha, por exemplo, uma mesma cidade pode produzir vinhos de classificações distintas, dependendo do local exato onde o vinhedo está plantado.

Grandes produtores têm vinhedos em cidades ‘grands crus’ para garantir as uvas que vão gerar os seus champanhes tops
Nesse dia, passamos pelas cidades “grands crus” de Cramant, Avize, Oger e Le Mesnil-sur-Oger. Ao longo da estrada, é possível avistar plantações das grandes maisons produtoras, que têm vinhedos em diversas cidades e assim garantem as uvas para fazer os seus vinhos “grands” e “premiers” crus.
Passamos pelas vinhas da Veuve Clicquot e da Mumm, por exemplo. Na cidade de Le Mesnil-sur-Oger, há vinhedos da Maison Krug, de onde saem as uvas para produzir os famosos blanc de blancs, feitos só com uvas chardonnay, tão desejados no mundo todo.
O passeio por essas cidades é lindo e é difícil descrever o que se sente ao parar em cada uma para contemplar a paisagem, conversar com as pessoas e observar o seu jeito de viver e de trabalhar. A tranquilidade, o ritmo desacelerado e a beleza de cada rua nos fazem sentir paz e a verdadeira sensação de estar de férias.
Cercados de vinhedos e de legítimos exemplares do mais genuíno champanhe, a vontade que dá é ficar lá para sempre. Mas a viagem tem que continuar…

Portal de pedra emoldura uma rua da cidade de Vertus, a última do nosso roteiro no segundo dia na região de Champanhe
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