O amarelo-vivo do rótulo do champanhe Veuve Clicquot se tornou símbolo de sofisticação. A bebida está sempre nas taças de pessoas elegantes, bem vestidas, chiques. Virou sinônimo de status, celebração e alegria. Toda essa aura contrasta com a simplicidade da cidade de Reims, na região de Champagne-Ardenne, na França, onde o vinho borbulhante é produzido.

A entrada da ‘maison’, que recebe visitantes o dia todo com quatro tipos de passeios guiados que custam de 25 a 120 euros
A maison recebe visitantes na parte da manhã e da tarde em quatro tipos de passeios guiados, com preços que variam de 25 a 120 euros, e degustações que podem ser de um até cinco champanhes. Nós escolhemos o passeio com a degustação de dois produtos e duração de uma hora e meia.
Assim que chegamos fomos recebidos por uma guia que nos avisou sobre a temperatura dentro das caves, constantemente próxima dos 10 graus. Quem está sem casaco pode usar uma manta emprestada por ela.

Jadim de Aromas: dezenas de plantas com cheiros que podem ser encontrados nas análises e degustações dos champanhes
Em seguida, saímos da casa principal, atravessamos uma avenida e entramos em um jardim de aromas. Nele, há plantas com cheiros que podem ser encontrados nas análises e degustações dos champanhes.
No fim, está um pequeno portão que dá acesso a uma grande escadaria rumo às famosas caves de Reims. Elas são patrimônio da Unesco, onde ficam envelhecendo muitas das garrafas mais valiosas do mundo.
Por dentro das caves – Caminhando por dentro das caves podemos ter uma idéia do tamanho e de todo o trabalho que acontece diariamente nesses túneis que formam verdadeiros labirintos debaixo de toda a cidade. Há funcionários que carregam caixas com dezenas de garrafas em carrinhos elétricos. O chão é sinalizado como as ruas e há leis de trânsito, para que se garanta a segurança.
Durante a caminhada, que leva cerca de uma hora, aprendemos sobre a história da grande maison francesa, fundada em 1772 por um banqueiro e empresário do setor têxtil. O nome era Maison Clicquot.
Em 1805, após a morte do filho do fundador da casa, que já estava no comando dos negócios, sua mulher, uma jovem de 27 anos, tomou a revolucionária decisão de se tornar uma das primeiras mulheres empreendedoras dos tempos modernos. Ela é a Viúva (Veuve) Clicquot…
Durante os sete anos em que ficaram casados, Madame Clicquot passou muito tempo ao lado do marido, quando aprendeu e se apaixonou pela arte de fazer champanhe. Isso a fez capaz de tornar a empresa uma das mais importantes e lucrativas do mundo. Ela investiu pesado nas exportações, principalmente para a Rússia, até mesmo ignorando o bloqueio continental durante o ano de 1815.
Uvas – O champanhe é produzido a partir das uvas pinot noir, pinot meunier e chardonnay, plantadas em diversas aldeias da região, como Verzy, Cramant, Avize, Oger, entre outras. Passamos por muitas delas e é fácil avistar a plaquinha de pedra indicando que aquele vinhedo se trata de propriedade da Veuve Clicquot.
São uvas cultivadas com todo o rigor exigido pela regulamentação local em 390 hectares de vinhedos, sendo 12 grands crus e 20 premiers crus. Para a enorme produção, a Veuve Clicquot ainda compra uvas de pequenos viticultores parceiros.
A colheita é realizada normalmente durante o mês de setembro. Em 2016, ela começou no dia 7, um pouco antes do que no ano anterior, devido ao clima mais seco enfrentado por essa safra.
A visita termina com a gente subindo uma escada em que cada degrau representa o ano de uma safra de millésime produzido pela casa. Os chamados millésimes só são fabricados quando a safra tem tanta qualidade que é possível produzir a bebida com uvas somente daquele determinado ano. Normalmente, safras de diferentes anos são misturadas, em um processo de quase alquimia, para que a qualidade do champanhe seja mantida. A guia que orientou a nossa visita nos disse que a empresa é obstinada por produzir garrafas com a mesma qualidade e sabores iguais em todos os anos.

Taças enfileiradas no balcão momentos antes de iniciarmos a degustação ao fim da visita à Veuve Clicquot
Degustação – Ao subir a escada, chegamos ao bar. O ambiente é charmoso, alegre e elegante. Uma fila de taças é colocada no balcão amarelo, onde foram servidos o champanhe Brut Yellow Label e o prestige cuvée La Grande Dame 2006.
Eles são bem diferentes entre si. O primeiro é bem mais leve e ótimo para ser bebido como aperitivo. O segundo é mais encorpado e já sentimos uma vontade de, pelo menos, beliscar alguma coisa. Nós, na hora, sem muita teoria e certeza da harmonização, pensamos que ele “cairia bem” com uma comida japonesa, por exemplo.
Depois da degustação, ainda demos uma passada no Wine Bar em forma de foodtruck que fica no bonito jardim da casa. Lá, é possível tomar umas tacinhas independentemente da visita que a pessoa faça.

‘Food Truck’ de champanhe nos jardins da Veuve Clicquot: grande pedida mesmo para quem não fizer a visita guiada
Saímos de lá com a certeza de termos conhecido uma grande empresa que preza pela qualidade e elegância em todos os seus serviços. O champanhe é ótimo, claro, mas não nos deixou impressionados. Foi bom mesmo para nos deixar ainda mais curiosos para conhecer o outro tipo de produtor, o pequeno vigneron, que faz seu vinho de forma completamente diferente.
Vamos contar o que achamos dessa comparação em breve, na continuação dessa série com as nossas histórias na região de Champanhe.
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