A Maison Mercier, na cidade de Epernay, é a Disney da região de Champanhe – no melhor dos sentidos! O passeio pelas caves é feito a bordo de um trenzinho, com um áudio-guia, e há diversas surpresas divertidas no percurso. Apesar de super turístico, é um programa incrível.
Por trás de todo o sucesso mundial da Mercier está, desde a fundação da empresa, em 1858, o seu criador, Eugène Mercier. Nascido lá mesmo em Epernay, em 1838, desde muito jovem ele já tinha na cabeça a ideia de transformar a sofisticada bebida em algo popular. Para isso, bolou um plano de comunicação de dar inveja aos marqueteiros mais moderninhos das redes sociais de hoje em dia: construiu um enorme tonel de vinho para participar da Exposição Universal de Paris de 1889, a mesma que apresentou ao mundo a Torre Eiffel.

O imenso barril que foi levado em 1889, puxado por 24 bois, para a Exposição de Paris; ao fundo, a foto de Eugene Mercier
É esse barril gigante que pode ser visto logo na recepção da bonita casa onde funciona a sede da empresa, na Avenue de Champagne. A visita e o encantamento pela marca começam ali.
Naquele ano de 1889, o imenso tonel, carregado com o equivalente a 800 barris de champanhe, foi levado de Epernay até Paris, puxado por 24 bois, numa viagem que durou 12 dias. Para passar por algumas ruas, devido ao seu tamanho, foi necessária até a derrubada de árvores e de algumas construções pelo caminho. A ideia de Eugène era apresentar a sua bebida ao público, com toda a pompa, e fazer a maior degustação já vista. Tudo de graça.
Outra das empreitadas de comunicação de Eugène Mercier: em parceria com os irmãos Lumière, considerados os pais do cinema, ele fez o primeiro filme publicitário do mundo. Os irmãos filmaram todo o processo de fabricação do champanhe e, com o material, fizeram um documentário que foi visto por mais de três milhões de pessoas.
Já para a Exposição Universal de Paris de 1890 ele preparou outra novidade: um balão de ar, preso por um cabo de aço, com um bar da Mercier dentro. Assim, o público entrava no balão, subia mais de 300 metros e, nas alturas, degustava champanhe Mercier com a vista de Paris. Não é preciso dizer o sucesso que foi essa “obra de arte”.
Elevador e trenzinho – Depois de sabermos bastante sobre o espírito inovador do fundador da casa, começamos a passear pelo estabelecimento. Entramos em um elevador para descer 30 metros em direção às caves. Na vista do elevador, já há uma surpresa: pequenas esculturas que contam a história do início da Mercier ilustram a saga do barril pelas ruas até Paris e mostram o balão-bar com a linda vista da cidade.
Em seguida, entramos num trenzinho típico de parque de diversões e começamos a passear pelo enorme labirinto de 47 galerias e 18 quilômetros de ruas onde amadurece o champanhe. É interessante perceber que, apesar da intensa movimentação de turistas, que acontece desde 1885, o trabalho continua pela cave.
Há funcionários que, em seus carrinhos, carregam garrafas de um lado para o outro. Ao longo de todo o percurso, observamos esculturas em baixo relevo nas paredes. É lindo.

As degustações ocorrem no balcão do bar que se encontra logo ao fim da visita às caves, localizado no mesmo espaço da loja
Degustação – Ao desembarcarmos do trenzinho, subimos novamente e saímos do elevador já dentro de um enorme bar de degustação, parte do mesmo ambiente onde fica a loja de champanhes e produtos Mercier. Fomos recebidos pelo sommelier e, finalmente, foi dada a largada para a degustação. Provamos quatro champanhes.
O primeiro foi um Cuveé Brut feito de pinot noir e chardonnay. No nariz, sentimos os aromas de maçã e pêra. Na hora, pensamos que ele cairia muito bem como aperitivo ou acompanhando frutos do mar.
Em seguida, fomos para um Brut Réserve. Sentimos sabor de manga e pêssego. O sommelier explicou que é um ótimo vinho para acompanhar o foie gras.
Depois experimentamos o Brut Rosé. Gostamos bastante e conseguimos sentir aromas e gosto de cereja, framboesa e até morango. O especialista nos disse que uma harmonização inusitada para esse champanhe é o chocolate. Ficamos curiosos, mas ainda não arriscamos a combinação.

Na loja, além das linhas de champanhe Mercier, produtos como bolsas, taças, saca-rolhas, baldes de gelo…
Para terminar, o Blanc de Noir, um champanhe branco feito a partir de uvas tintas. Conseguimos perceber os sabores de algumas frutas vermelhas e, depois de sermos alertados pelo sommelier, também sentimos um “quê” de lichia…
Por mais turística que seja, a visita à Mercier vale muito a pena. Saímos encantados com toda a estrutura dedicada aos visitantes e admirando muito o visionário criador dessa grande empresa. É sempre bom sabermos histórias de quem vai atrás de seus sonhos “malucos” e os realizam. Dá esperança e estimula a criatividade. E sonhar, mesmo com champanhe, não custa nada…
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