A região de Champagne-Ardenne, na França, é famosa pelas grandes empresas produtoras de champanhe. São mais de 300 maisons, como são chamadas, dentre elas a Veuve Clicqout, a Mercier, a Taittinger, entre outras. Porém, quando planejamos a viagem, a nossa curiosidade maior estava nos pequenos produtores, nos mais de 15.800 vignerons que, muitas vezes, fabricam a bebida dentro de casa.
Assim, encontramos informações no site oficial do Comité Champagne, onde há contatos de muitos produtores. Como a nossa viagem aconteceu em agosto, mês de férias por lá, quando entramos em contato para marcar a visita, vimos que muitos estavam fechados. No entanto, com um pouco de paciência, conseguimos adequar os horários das visitas ao nosso roteiro.
Marcamos, então, a degustação no Champagne Patrick Soutiran, na pequena e pacata cidade de Ambonnay. Chegamos lá no início da tarde, estacionamos o carro em frente à prefeitura e andamos até a linda casa de pedras, onde funciona a sede da pequena vinícola. Um jovem rapaz estava regando as plantas e nos recebeu. Era Fabrice Soutiran, da quinta geração dos Soutiran.
O fato de Fabrice estar cuidando do jardim diz muito sobre a filosofia de trabalho da família. Eles cuidam de tudo sozinhos, desde o cultivo das videiras, passando pelo trabalho nas caves de envelhecimento, até os canais de venda das garrafas. Isso tudo, há mais de três séculos.
As uvas utilizadas na produção são plantadas em duas localidades: lá mesmo, em Ambonnay, e na cidade de Trepail, perto dali. Há plantações em regiões consideradas “grand crus” e em outras classificadas como “premier crus”, que é a categoria mais alta. No total, são três hectares (o equivalente a três campos de futebol) de chardonnay e pinot noir.
Para fazermos a degustação, sentamos em uma mesa na própria sala da casa dele. Sem nenhuma cerimônia ou frescura, bem do jeito que gostamos, Fabrice nos serviu o champanhe Brut – Blanc de Noir, ou seja, feito apenas com a uva pinot noir, que é tinta. Para fazer essa bebida, a casca da uva é descartada, para que o champanhe continue sendo claro. Em seguida, degustamos o Brut – Blanc de Blancs, feito apenas com a uva chardonnay, que é branca. Para finalizar, provamos o Brut Rosé, fabricado com 90% de uvas chardonnay e 10% com uvas pinot noir. Gostamos muito de todos.
Para nós, que havíamos estado há poucas horas, pela manhã, na Veuve Clicquot, foi muito importante poder comparar o paladar do champanhe feito por uma grande empresa e o desenvolvido por uma vinícola familiar. Foi nesse momento que pudemos constatar que a nossa expectativa ia mesmo se concretizar e que iríamos ficar cada vez mais apaixonados pelo trabalho tradicional, artesanal e repleto de amor feito pelos vignerons.
0 Comentário