O almoço em Puligny-Montrachet havia sido perfeito. Ainda tínhamos cidades para conhecer ao longo da Côte de Beaune, mas não dava para ir embora dali sem degustar mais alguns vinhos. Saímos andando e entramos na primeira cave que apareceu, na rua logo atrás do restaurante onde havíamos almoçado.
Era a sede da pequena vinícola das irmãs Sylvie e Anne Bavard, que produzem vinhos orgânicos. Fomos recebidos por uma senhora falante, com roupa de roqueira, acompanhada do marido cabeludo, ambos saídos direto dos anos 70. Era uma das donas, Sylvie.
Na sala principal, onde havia barris charmosamente empilhados, ela nos ofereceu uma degustação gratuita de quatro vinhos. Enquanto isso, dava para ver a irmã comandando, numa salinha dos fundos, uma degustação com um grupo de norte-americanos.
Na degustação às cegas, cada garrafa tinha tampa de uma cor e nós íamos dizendo de qual estávamos gostando mais. Foi uma ótima forma de sentir as diferenças entre os vinhos sem sermos influenciados por explicações prévias. Por menos de 30 euros no total, levamos um tinto e um branco “básicos” – palavra que, na Borgonha, é quase sempre sinônimo de vinhos muito bons, muito acima da média do que estamos acostumados no dia a dia.
Saímos de lá com a intenção de seguir viagem. Mas demos de cara com o Caveau de Puligny-Montrachet, um bar de vinhos com mesas e cadeiras na calçada onde se lia “vins prestigieux”, vinhos de prestígio.
Claro que paramos. Não era barato, mas falou mais alto a chance de tomar uma tacinha de um vinho, digamos, graduado.
Foi assim que na chamada terra do vinho branco da Borgonha, pela primeira vez provamos dois premiers crus (Puligny-Montrachet Chalumeaux e Chassagne-Montrachet Embrazées). A classificação é a segunda mais nobre da região.
Ainda que 18 euros fossem muito para uma taça (e para os nossos padrões), valeu cada centavo.
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