A Viña Miguel Torres entrou em nosso caminho por pura casualidade. Literalmente. No último dia de viagem pelas estradas do Chile, íamos para o Vale do Maule – região mais ao sul dentro do Vale Central – quando apareceu na estrada a placa com o nome e o símbolo da vinícola, a simpática Lhama estampada também em alguns de seus rótulos mais conhecidos. Mas a vinícola não estava em nosso roteiro e, naquele momento, seguimos em frente.
Acontece que, mais de cem quilômetros depois, não encontramos a bodega que havíamos planejado visitar. Então, demos meia volta e, com aquele “fica a dica” na cabeça, duas horas depois e com fome, estávamos de volta à Miguel Torres, no Vale do Curicó. E valeu muito a pena.
Chegamos atraídos pelo seu bonito restaurante (acima). Não tínhamos nada agendado, mas felizmente havia lugar para nós. Fomos direto almoçar para só depois conhecer a vinícola.
Almoço – Comemos dois tipos diferentes de carne à moda chilena e feitas na brasa: filé com de batata rosti e ovo frito e assado de tira acompanhado de creme de milho. Conforme sugestão do próprio cardápio, o primeiro foi harmonizado com o Las Mulas Cabernet Sauvignon 2015, e o segundo com o Cordillera Reserva Especial 2013, elaborado com a uva carignan, uma das mais antigas do Chile e que ainda não conhecíamos.
Para completar, uma sobremesa dos deuses: texturas de frutas vermelhas com sorvete artesanal de cereja, cubos de creme de chocolate e merengues… A comida estava perfeita e os vinhos, também.
O Las Mulas, típico cabernet chileno um pouco “apimentado”, é um dos representantes dos vinhedos orgânicos da Miguel Torres. Já o Cordillera, além de muito gostoso, é o centro de um projeto interessante chamado VIGNO.
Trata-se do Clube de Vignadores de Carignan, criado há dez anos pela vinícola, em conjunto com outros vinhedos da região de Maule – incluindo pequenos produtores –, para trabalhar pelo resgate de variedades de uvas mais antigas do país. Aprovadíssimos.
História – Depois do almoço, fomos conhecer um pouco a propriedade por nossa própria conta, sem visita guiada. A Miguel Torres tem hoje cerca de 350 hectares de vinhedos plantados em oito locais com características climáticas bem diferentes umas das outras.
A vinícola é atualmente comandada pela quinta geração da família, que chegou ao Chile em 1979 vinda da Espanha e à procura de terras para a vitivinicultura. Logo ao chegar, além de ter encontrado uma área propícia no Vale do Curicó, a família Torres apostou na inovação e foi pioneira no Chile ao incorporar à produção do vinho chileno os tanques de aço inoxidável.
Ali na sede, que está localizada a 200 km ao sul de Santiago, há uma grande área de vinhedos e, para os visitantes, um Jardim de Variedades, atração onde se pode conhecer cada tipo de uva plantada no local. Entre elas, sauvignon blanc, riesling, chardonnay e carmenere.
Na pequena loja, diversos vinhos com preços em conta. Trouxemos um da linha Grand Reserva, feito com carmenere (safra 2013) pelo equivalente a 30 reais. E foi um dos melhores de toda a viagem.
Assim, uma visita que nasceu por acaso se tornou um belo fechamento da nossa peregrinação por cinco regiões vinícolas chilenas. Quase no fim da tarde, saímos da vinícola rumo a Santiago prontos para a segunda viver novas experiências com o mundo do vinho chileno.
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