Chegar à sede da Viña Montes é uma experiência impactante. Somos imediatamente fisgados pelo belíssimo visual que junta, harmonicamente, a bonita e moderna construção e os 140 hectares de vinhedos que a rodeiam. No nosso caso, ainda houve um “agravante”: entramos na vinícola no meio de uma tarde ensolarada e de céu muito azul de outono. Difícil não se encantar de cara e não baixar a guarda para viver a experiência que viria a seguir.
A calorosa recepção se sobrepõe, felizmente, a qualquer ideia pré-concebida de que visitar uma vinícola de grande porte tem necessariamente “menos graça” do que conhecer uma pequena, estilo boutique. A nossa visita começou muito bem: numa das salas de degustação da Montes, toda envidraçada e com vista incrível dos vinhedos.
Dali, fomos para o imenso salão onde ficam os tanques de fermentação e, em seguida, para aquela que foi talvez a parte mais emocionante: num enorme terraço, localizado sobre o teto da vinícola, trabalhadoras selecionavam manualmente milhares de uvas syrah. Saltitando na esteira, elas iam direto para os tanques, um andar abaixo. Foi inesquecível ver tão de perto o trabalho minucioso daquelas mulheres (vídeo abaixo).
Passado e presente – Durante o percurso, que culminou na linda sala de barricas – nas quais o vinho amadurece ao som de canto gregoriano, a “música dos monges”, como nos explicou a nossa guia –, fomos conhecendo mais sobre a história e os números da vinícola. Nos últimos 15 anos, a Viña Montes cresceu muito e se tornou um dos símbolos do vinho chileno.
A Montes existe há apenas 30 anos. Aquela propriedade do Vale de Apalta, na região do Colchagua, foi inaugurada em 2004. Antes, ali havia somente plantações familiares. O local, onde há muito pouca água, gera um “estresse hídrico” para as videiras, o que resulta em uvas com grande concentração de açúcar e vinhos de qualidade.
– Nosso verdadeiro segredo é estressar a planta – disse-nos a guia da visita. A vinícola considera que a construção da moderna sede significou um grande passo na produção dos seus vinhos tintos mais aclamados, como Montes Alpha, Montes Alpha M, Montes Folly e Purple Angel.
Nos últimos 15 anos, a Montes construiu fama e reputação graças, por exemplo, ao seu pioneirismo em plantar vinhedos nas encostas daquele vale (foto acima). Foi também a primeira a plantar syrah em Apalta, uva que se adaptou muito bem aos tipos de solo e clima locais. Não foi à toa que o Montes Alplha Syrah (90% syrah e 10% cabernet sauvignon) já foi eleito, pela revista Decanter, “o melhor syrah do Chile”.
Hoje, a vinícola tem capacidade de armazenamento de 2,3 milhões de litros de vinho. Possui ainda outras centenas de hectares em diferentes regiões do Chile, como no Vale de Casablanca, onde planta as uvas para os vinhos brancos. A produção anual total é de aproximadamente 14 milhões de garrafas e 95% é exportado para mais de 100 países.
Degustação – A nossa degustação foi feita numa sala no subsolo da vinícola, tendo ao fundo a sala de barricas que “escutam” canto gregoriano. Experimentamos quatro vinhos, todos ótimos, guardando suas particularidades: Montes Alpha Malbec (que também leva um pouco de carmenere) 2013; Montes Alpha Syrah 2014 (aquele já considerado por especialistas como o melhor syrah chileno); e dois rótulos Outer Limits, um blend de diferentes tipos de uva e um só de pinot noir. Foram os melhores para nós.
Os Outer Limits são a nova linha premium da Montes. O pinot é fantástico, feito com uvas plantadas a apenas 7 km da costa do Pacífico, o que dá toque mineral intenso e maravilhoso para o vinho. Os demais, são todos vinhos macios, gostosos de beber e que seguem – felizmente – a tendência de não deixar que a passagem por madeira encubra o sabor e o frescor da fruta.
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