A nossa primeira parada nessa winetrip pelo Chile foi a vinícola San Esteban – In Situ Wines, no Vale do Aconcagua, região a noroeste da cidade de Santiago. No caminho, víamos uma paisagem desértica, com muitos cactos, e sabíamos, até mesmo pela pressão no ouvido, que estávamos subindo em direção à Cordilheira dos Andes. As placas também diziam isso, já que seguíamos sempre a indicação para a cidade de Los Andes.
Cerca de uma hora e meia depois de sairmos de Santiago, chegamos à San Esteban. Descemos do carro já deslumbrados com a paisagem. No horizonte relativamente próximo, sempre ela, a Cordilheira – bonita, majestosa! – e várias encostas com plantações de uva. Não foi à toa que, logo no início da visita, ficamos emocionados quando a guia da vinícola disse que, na prática, aquele chão em que pisávamos já era da Cordilheira dos Andes.
A cerca de 900 metros de altura, a região é chamada de Alto Aconcagua ou pré-cordilheira (por não estarmos ainda nas altitudes mais elevadas). O clima bem específico – com dias quentes e secos e noites muito frias – faz com que a uva plantada ali seja diferente, com uma casca mais grossa e bem doce. Por ser uma região montanhosa, a vinícola é uma das pioneiras no plantio em encostas. O solo rochoso e argiloso ao mesmo tempo também leva características especiais às uvas.

Uma das casas da vinícola: olhada de fora, nem parece que guarda uma grande e bonita sala de barricas (próxima foto)
Vinícola familiar – A San Esteban é uma empresa familiar, comandada hoje pela terceira geração da família. O trabalho começou em 1974, quando José Vicente e seu filho Horacio decidiram produzir vinhos de alta qualidade na região.
Horacio é enólogo formado na Universidade de Bordeaux, na França, e com experiência no famoso Château Mouton Rothschild. Ele percebeu que a combinação única do tipo de solo, exposição ao sol e água fazia do lugar um terroir excepcional para os chamados vinhos de altitude.
A família participa de todas as etapas da produção. Aliás, quando estávamos lá, tiramos essa foto com o patriarca, que vistoriava a produção. Há plantações das uvas chardonnay, syrah, cabernet sauvignon, viognier, merlot, cabernet franc, malbec, sangiovese, carmenère, mourvedre, petit verdot e moscatel.
A vinícola produz cerca de 3,6 milhões de garrafas por ano, dais quais 98% são destinadas à exportação para 25 países. Os maiores compradores são os Estados Unidos.
Fincada numa terra rica, com características incomuns a outras regiões vinícolas, a San Esteban prioriza o sabor da uva em seus vinhos. Assim, o uso da barrica de carvalho, francesa e americana (na foto acima, a sala de barricas da vinícola), é feito com todo cuidado e sem exagero para não “mascarar” a fruta.
“Não queremos um pedaço de madeira na boca, e sim sentir o gosto da uva”, disse a guia da nossa visita. De fato, foi o que sentimos quando provamos os vinhos, como o “Laguna del Inca” (na foto acima, ao centro), um dos top da vinícola.
Com esse pensamento, depois de uma visita por toda a propriedade, fomos à segunda etapa do nosso passeio, o “Tour Enólogo”. É o que a gente conta no próximo post: pela primeira vez, nós poderíamos “brincar de enólogo” e produzir o nosso próprio vinho.
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