Começamos a planejar a nossa viagem ao Chile com quase dois meses de antecedência. Além das questões de praxe, como a pesquisa de preços de passagens aéreas e hotéis, um percurso por diferentes regiões produtoras de vinho dentro de um mesmo país requer vários outros detalhes que cabem numa palavra: logística. Assim, depois de definido o período que tínhamos e de comprados os bilhetes de avião, essa organização – sempre prazerosa, embora dê bastante trabalho – nos tomou cerca de um mês.
Antes de mais nada, é preciso achar um equilíbrio entre “onde você quer ir” e, sobretudo por questões de distâncias a percorrer e tempo para isso, “onde será possível ir”. Ainda mais nesse caso, já que era a primeira vez em que não iríamos a uma região vinícola de um país (como foram os casos de Mendoza, Champanhe e Borgonha, por exemplo), mas a várias regiões, geograficamente distintas e distantes.

Vinhedos a perder de vista em dia de sol e céu azul na região do Vale do Maipo, com a Cordilheira dos Andes ao fundo
Nossa primeira mudança de planos aconteceu com dois ou três dias de pesquisa. Para trazer ao blog pelo menos uma região quase nunca falada quando o assunto são os vinhos chilenos, começamos decididos a ir até o Vale do Limarí, que fica no norte do país. Mas, somando ida e volta, só o deslocamento de carro – já reservado com antecedência para pegarmos no aeroporto de Santiago – nos tomaria pelo menos oito horas. Isso se não errássemos o caminho aqui ou ali, o que sempre pode acontecer. Assim, mesmo dormindo uma noite por lá, visitaríamos uma ou duas vinícolas e, na prática, só estaríamos numa próxima região no terceiro dia da viagem. Logisticamente, isso nos faria “perder tempo” e acabaríamos conhecendo menos áreas e produtores.
Começaríamos então pelo Vale do Maule, o mais ao sul ainda na porção central do país, e subiríamos até Santiago, no sexto dia, para ficarmos dois ou três dias por lá. No entanto, consultando o mapa do Chile chegamos à conclusão de que ainda não era a melhor opção para otimizar o tempo e as distâncias. Decidimos então mudar os planos novamente e organizar a viagem de outra maneira, que se mostrou a melhor possível para nós.
Roteiro – Iríamos rodar por cinco das treze regiões produtoras (como mostra o mapa acima), todas elas no Vale Central: Aconcagua (ao norte de Santiago), San Antonio (a oeste e já “descendo” um pouco), Maipo (mais ao sul, embora bem próximo da capital), Colchagua e Curicó ou Maule (o ponto mais ao sul a que chegaríamos). De lá, voltaríamos para Santiago, onde também iríamos a bares e restaurantes de vinho. Pernoitaríamos em três dessas regiões (e também na capital chilena) para conseguir atingir o nosso objetivo de visitar, em média, duas vinícolas por dia e não ficar restritos apenas às mais conhecidas.
Definido o roteiro geral, chega a hora de entrar em contato com cada vinícola. Em quase todas é preciso reservar data, horário e o tipo de tour. Por meio de formulários no site de cada uma delas ou por e-mail, essa etapa demora um pouco (vários dias) porque você tem que aguardar o retorno para encaixar ou reencaixar essa ou aquela visita entre manhã e tarde, um dia ou outro, ou mesmo alterar alguma já marcada (mas que tenha disponibilidade em outro horário) para que uma vinícola cuja resposta chegou depois e com apenas uma opção de agendamento caiba no roteiro.
A partir daí, a cada vinícola que ia respondendo nós confirmávamos o hotel de cada trecho, em cidades próximas. Depois, salvamos no e-mail os links com as rotas entre cada trecho (também fruto de pesquisas e várias checagens durante a preparação no mês anterior). Outra ferramenta fundamental para quem viaja nesse esquema de muitos deslocamentos é ter um chip internacional no celular para poder postar fotos, vídeos e ter acesso online aos mapas. Pela primeira vez fizemos assim – antes já viajamos com mapas impressos! E compramos um chip (apenas para um dos nossos dois celulares) do Easysim4u, que chegou pelo correio. Dessa forma, evitamos mais perda de tempo tendo ainda que comprar um ao chegarmos no Chile.
Como desembarcaríamos em Santiago quase à meia noite de uma sexta-feira – e no sábado estaríamos na primeira região, o Vale do Aconcagua –, outro ponto da logística que criamos foi dormir no hotel que fica no próprio aeroporto para ganharmos tempo. Assim, de manhã cedo, depois do café, passaríamos pelo guichê de locação do carro (na foto acima, estacionado em um hospedagem em que ficamos no meio de vinhedos), já reservado com antecedência pela internet, e partiríamos para o início da jornada, na vinícola San Esteban, em Los Andes. Dito e feito. E assim começou a nossa jornada pelo mundo do vinho no Chile (que você começa a ler a partir do próximo post).
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