O Chile é um país pequeno, com pouco mais de 17 milhões de habitantes e geograficamente diferente de todos os outros. É uma longa e estreita faixa de terra com aproximadamente 4.300 quilômetros de comprimento e, em média, apenas 175 quilômetros de largura. Seu território abriga paisagens naturais tão diferentes entre si como o deserto do Atacama (o mais seco do mundo), no norte, e a Patagônia, no sul. Atém disso, é cercado pela Cordilheira dos Andes, a leste, e pelas águas geladas do Oceano Pacífico, a oeste.

Paisagem exuberante: vinhas a mais de 800 metros de altura no Aconcágua, em área considerada ‘pré-Cordilheira’
Tudo isso cria climas e microclimas muito específicos e muito propícios para a vitivinicultura. São 13 as regiões vitivinícolas espalhadas pelo território chileno. Elas geraram uma produção que ultrapassou, no ano passado, a marca de um bilhão de litros, considerando os vinhos finos e os de mesa. Esses dados são do Informe Executivo de Vinhos, documento elaborado pelo ‘Servicio Agrícola y Ganadero’, órgão responsável pela agricultura e pela pecuária do governo do país.
À procura do ‘grande carménère’ – O Botequim do Vinho passou dez dias percorrendo, de carro, cinco dessas regiões. Os vinhos chilenos são comumente a porta de entrada dos brasileiros nesse mundo encantador, talvez por serem facilmente encontrados nos mercados e lojas do Brasil.

Piquenique regado a vinho num mirante no meio de vinhedos no Valle del Maipo, não muito longe de Santiago
Costuma-se dizer que a uva carménère é o símbolo da produção de vinhos no Chile. Ela está para o país como a malbec para a Argentina e a tannat para o Uruguai (todas de origem francesas). Porém, para o nosso gosto como bebedores, essa uva nunca nos encantou. Portanto, tínhamos uma missão pessoal: encontrar um carémère que arrebatasse os nossos corações. Já dando um spoiler do que está por vir nessa série de histórias sobre o Chile, não achamos…

O Pacífico banha Cartagena, perto do Valle de San Antônio: proximidade do oceano influi nas características dos vinhos
No entanto, encontramos vinhos maravilhosos de pinot noir, uva tão característica da Borgonha, na França, mas utilizada no Chile na elaboração de tintos bem diferentes em relação aos franceses, mais encorpados e muito gostosos. Achamos, também, inesquecíveis syrahs, redondos, gastronômicos e “suaves”. Topamos com vinhos com um quê de “salgado”, feitos com uvas plantadas a meros quatro quilômetros do Pacífico. E encontramos ainda brancos de sauvignon blanc com aromas deliciosos de maracujá e irresistíveis quando pensamos neles, sobretudo, como aperitivos para o nosso clima quente.
“Descobrimos” também regiões ainda em crescimento e não tão famosas por aqui, como o Valle de San Antônio, e hospedagens únicas, como o hotel em que os quartos ficam dentro de enormes barricas de carvalho (foto acima) e a casinha no alto de uma colina cercada de vinhedos (foto abaixo). E nos encantamos com incríveis paisagens que alternavam entre o oceano e a secura dos cactos que nos acompanharam por boa parte das ótimas estradas do país.
Nós visitamos nove vinícolas em diferentes regiões, além de bares e restaurantes especializados em vinho, nesses lugares e na capital, Santiago. Voltamos apaixonados pelo Chile, pela simpatia e receptividade dos chilenos, e ainda mais convencidos que de, no fundo, cada garrafa conta a história de culturas e de pessoas que dedicam suas vidas a essa alquimia tão preciosa que é fazer vinhos.
2 Comentários
Além de ser um país incrível, os vinhos chilenos são únicos.
Também ficamos encantados, Fabiano! Vai nos acompanhando que postaremos sobre cada experiência em diversas vinícolas de diferentes regiões, ok?
Um abraço.