Em busca de conhecer ainda melhor os vinhos brasileiros, voltamos à Serra Gaúcha no início do mês. Foi a nossa terceira viagem para lá nos últimos anos, e a cada vez ainda nos impressiona a beleza dessa região, com seus morros, colinas, vales e vinhedos.
Em toda a Serra Gaúcha são mais de 80 produtores de vinhos, desde dezenas de vinícolas pequenas e familiares até empresas grandes e tradicionais da região. Há vinícolas no Vale dos Vinhedos, na Rota dos Espumantes, em Pinto Bandeira e em outros municípios. A maior parte delas está preparada para receber turistas, com visitas e degustações, e o negócio do enoturismo só cresce por lá.
Vale dos Vinhedos – Ficamos hospedados no Vale dos Vinhedos, que está no encontro dos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. O Vale carrega todo o legado histórico, cultural e gastronômico deixado pelos imigrantes italianos que chegaram à região em 1875. As videiras cobrem mais de 25% desse território específico.
Nesse período, entre abril e junho, mais de 100 mil turistas passam pela região, segundo a Aprovale – Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos. Com a sensação de missão cumprida com a safra que acaba de ser colhida, os empreendimentos turísticos se empenham em novas programações e ações voltadas para os visitantes, como passeios de bicicleta, piqueniques e cursos de harmonização.

Vista a partir do Spa do Vinho, hotel que fica rodeado por vinhedos da Miolo (à esquerda, a sede da vinícola)
Do nosso hotel, o Spa do Vinho, podíamos ver as extensas plantações de uvas. Ele fica no alto de uma pequena colina, em frente à sede da gigante Miolo e rodeado por vinhedos dessa vinícola. Abrir a janela e dar de cara com essa paisagem é uma delícia para os olhos e traz uma paz imediata.
Nesse início de outono, o verde vivo tão presente no verão já começa a dar lugar a um amarelo alaranjado. É o encerramento do ciclo da videira e o início do descanso das plantas. É nesse tempo que ela vai guardar energias para, na primavera, aflorar. Percorrendo as estradas, podemos ver as colinas douradas e sentir a temperatura um pouco mais amena.
O Vale dos Vinhedos foi a primeira região brasileira a, em 2002, obter o reconhecimento como Indicação Geográfica, que valoriza as peculiaridades de cada lugar produtor de vinhos. Em 2012, houve o reconhecimento do Vale como Denominação de Origem (DO).
Assim, os vinhos produzidos no local passaram a ter que obedecer a uma série de regras específicas em relação ao cultivo da uva e à elaboração da bebida. Dessa forma, os produtos conquistaram um maior valor agregado e há, oficialmente, a preocupação em preservar as características e a tipicidade dos vinhos, que se tornaram um patrimônio da região.
Nos próximos dias, vamos falar do que fizemos na Serra Gaúcha. Encosta aí no balcão do Botequim que vamos bebendo e contando sobre as visitas e degustações tanto em pequenas vinícolas-boutique – como as ótimas Vallontano, Milantino e Lídio Carraro – como nas grandes Valduga e Miolo, passando pela prova de espumantes já premiados entre os melhores do mundo, como os da Cave Geisse e da Peterlongo, única vinícola no Brasil que pode legalmente chamar seus espumantes de champanhe.
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