O passeio que fizemos pela Bodega Domínio Del Plata – já com taças de vinho nas mãos – foi muito enriquecedor. Nossa guia durante a visita, que já morou em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, foi muito atenciosa e simpática. Ela conversou bastante com a gente e nos deixou confortáveis para perguntar o que queríamos e até mesmo para saber um pouco sobre o cotidiano de quem trabalha com vinhos.
Ao ver que nós não estávamos ali “a passeio” e que gostávamos de beber sem frescura, brincou:
– Às vezes eu não entendo alguns brasileiros. Não é raro que cheguem aqui e peçam refrigerante para acompanhar a refeição!
É. Nós também não entendemos. Mas, claro, assim como ela, respeitamos. Foi nesse clima de almoço descontraído que sentamos em uma das mesas do bonito Restô & Wine Osadía de Crear. A proposta do restaurante é misturar a cozinha regional argentina com elementos da gastronomia mediterrânea, italiana, francesa e espanhola. Tudo com ingredientes frescos e da estação.

Quando o tempo está bom (o que não aconteceu quando estivemos lá), é possível almoçar vendo a Cordilheira no horizonte
O tempo não estava bom, mas nos garantiram que, quando não está nublado, é possível admirar a Cordilheira dos Andes enquanto se degusta os pratos e vinhos da refeição. Para nós, infelizmente ainda não foi dessa vez.
Almoço – Além da opção à la carte, é possível escolher entre dois tipos de menu harmonizado, de cinco ou de três etapas. Escolhemos o menor. A entrada foi um mix de folhas com tomate cereja, maçã verde e um biscoitinho crocante. Um prato fresco e muito saboroso. O toque da maçã verde deu um gostinho tão bom que adotamos nas nossas saladas do dia a dia. O vinho para “maridar” (verbo utilizado pelos argentinos para dizer “harmonizar”) com a salada foi o branco Suzana Balbo Torrontés 2013. Para nós, um casamento perfeito.
Em seguida, veio o prato principal. Um generoso bife de angus com ratatouille, batatas rústicas e um molho de ervas. O vinho para harmonizar foi o Benmarco Expressivo 2013, feito com 65% de malbec, 30% de cabernet franc e 5% de cabernet sauvignon. O vinho é bem estruturado e encorpado. Combinou bastante com a carne e nós, que não somos especialistas, conseguimos perceber que os taninos do vinho fazem bem o papel de “limpar” a boca para continuar a refeição. Muito, muito bom.
Depois, era a hora da sobremesa. Porém, como ela demorou um pouco para chegar, o ótimo serviço do restaurante atuou para nos agradar. Para se desculpar pelo atraso, trouxeram-nos uma taça do vinho ícone da vinícola, o Nosotros, da safra de 2010. Nunca agradecemos tanto por uma demora em restaurante. Que vinho! Encorpado, com muita estrutura, equilibrado, “redondo”. Maravilhoso.
Enfim, chegou a sobremesa: era o Trio Cuyano, formado por doce de leite, tableta mendocina (uma espécie de biscoitinho recheado com fruta caramelizada) e pêra grelhada no queijo azul. Para acompanhar, o espumante rosé Extra Brut, feito de pinot noir e chardonnay…
Assim, fechamos com chave de ouro mais um almoço incrível em Mendoza, essa região tão instigante e cheia de prazeres enogastronômicos. Saímos de lá certos de que, para quem sabe viver – e não comete o pecado de beber refrigerante em um almoço dentro de uma vinícola –, Mendoza é mesmo um paraíso.
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