Já estivemos duas vezes na Bodega Alta Vista, localizada em Chacras de Coria, em Mendoza. Na nossa primeira visita, no verão, fomos atendidos por uma guia muito simpática e cuidadosa que orientou a visita exclusiva para nós dois. Por termos sido muito bem recebidos, pela beleza do lugar e pela qualidade dos vinhos resolvemos, em uma segunda vez na região, repetir o passeio. E valeu muito a pena, ainda mais que estávamos nos despedindo da capital do vinho argentino.

Sala de barricas de carvalho francês da Alta Vista: produção de 2,5 milhões de garrafas por ano, 70% delas para exportação
A Alta Vista é uma das vinícolas mais antigas de Mendoza e foi criada por um casal de franceses em 1998. Proprietários da famosa casa de champanhe francesa Taittinger, eles também produzem vinhos na Hungria. O objetivo do casal é encontrar lugares especiais, onde há os chamados ótimos terroirs, para a produção de vinhos de alta qualidade, não importa em que lugar do mundo eles estejam.
A bodega argentina funciona em um edifício histórico construído em 1899, onde antigamente era uma vinícola cujos donos eram espanhóis. O prédio é um dos únicos antigos da região de Mendoza que, segundo a guia do nosso passeio, já foi afetada por terremotos e, portanto, tem raras construções antigas. Para começar a produção de vinhos, tudo foi restaurado e modernizado, mas a arquitetura tradicional foi mantida.

A loja e espaço de degustações fica onde antes era um grande tanque de concreto para fermentação de vinhos
A visita à vinícola começa pela sala onde ficam as piscinas de concreto, local onde a bebida é fermentada. É interessante observar a mistura entre o moderno e o antigo, visto tanto na construção como nas chamadas “piletas”.
Com a modernização, uma das maiores piscinas da antiga bodega, onde ficavam guardados cerca de 300 mil litros, transformou-se na loja. É muito legal ver como as paredes, que antigamente seguravam o vinho, são grossas. Também é incrível a sensação que a gente tem ao se sentir dentro de um espaço enorme que um dia foi um tanque cheio de vinho.
Em seguida, descemos uma escada e chegamos até a sala dos barris de carvalho, onde a bebida fica envelhecendo. A bodega produz cerca de 2,5 milhões de garrafas por ano, sendo que 70% desse total são destinadas à exportação.
Essa sala é linda e também guarda a adega particular da família que comanda a Alta Vista. Lá ficam os vinhos mais renomados da vinícola, fabricados em diferentes anos. As garrafas não são para controle de qualidade, são para beber mesmo. Mas somente eles têm a chave daquela preciosa “jaula” onde estão as maiores riquezas da bodega.
Piquenique – Uma das opções para os visitantes é fazer um piquenique no gramado, entre pés de oliveiras, na frente da casa principal da vinícola. Foi o que fizemos no verão e certamente esse foi um dos programas mais divertidos da viagem.
São colocadas toalhas de piquenique e comidinhas chegam dentro de uma cesta. São empanadas, saladas, sanduíches, quiches, queijos, azeitonas e alguns docinhos para a sobremesa. Tudo acompanhado de uma garrafa de vinho. O da nossa refeição foi o Alta Vista Premium Malbec.
O dia lindo de sol, a vista para a Cordilheira dos Andes, a ótima comida e uma garrafa de vinho foram os ingredientes perfeitos para horas de bate-papo e diversão. Para terminar, ainda aceitamos a sugestão da nossa guia e degustamos uma taça do vinho ícone deles, o Alto. Deixamos para o fim e não nos arrependemos. O vinho é maravilhoso.

Detalhe da grande adega subterrânea: vinhos de diferentes anos para consumo apenas da família de proprietários da vinícola
Degustação – Quando estivemos por lá no outono, fazia frio e chovia fino. Depois do tour, portanto, fizemos a degustação na loja da bodega (a que fica dentro do antigo tanque).
Optamos pela degustação standard, de três vinhos, que custou 120 pesos (cerca de 35 reais). O primeiro vinho foi o Premium Estate Torrontés 2015. Os vinhos dessa uva são conhecidos na Argentina como “los mentirosos”, pois têm um aroma bem doce, mas que não se confirma no paladar. No gosto, o vinho é bem fresco, seco, ácido na medida certa e lembra os sabores de abacaxi e banana. Gostamos muito.
Em seguida fomos para o Atemporal Blend 2012. Feito com as uvas malbec, cabernet sauvignon e petit verdot, esse tinto é encorpado e nos fez sentir um gostinho de especiarias. Ele tem um potencial de guarda de cinco a seis anos e fica cerca de um ano em barricas de carvalho francesas.
Para terminar a degustação, bebemos para o Alta Vista Terroir Selection 2013. Ele é feito só com uvas do tipo malbec, colhidas em cinco terroirs diferentes. Sua cor é bem escura e intensa, o que se reflete no sabor. O vinho é bastante encorpado e equilibrado. Sem dúvida, foi o que mais gostamos na degustação.
Para fechar com chave-de-ouro mais essa jornada por Mendoza, resolvemos novamente pedir uma taça do Alto, vinho ícone da bodega. Dividimos essa taça, economizando cada gole, para durar mais – um reflexo do que queríamos que acontecesse com a nossa aventura pela região, que estava chegando ao fim.
Nós nos despedimos da capital do vinho argentino em grande estilo e com a certeza de que vamos voltar, sempre que possível, a esse lugar mágico e contagiante. Aprendemos muito com a cultura desse mundo fascinante e com as pessoas que fazem, com muito amor, essa bebida que tanto nos dá prazer.
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