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Botequim do Vinho – Bebendo e Contando Histórias

Achaval Ferrer: vinhos feitos só com as melhores uvas

Argentina, Destinos, Mendoza - 14 de junho de 2016

Para obter tintos muito especiais, vinícola descarta no mínimo 50% das frutas antes da colheita

Na primeira vez em que fomos a Mendoza não marcamos a visita à Achaval Ferrer por pura falta de um horário na agenda. Já havíamos bebido um dos vinhos da bodega, durante uma viagem a Buenos Aires, e o achamos sensacional. Assim, mesmo sem o passeio agendado, tentamos ir até lá ao menos para comprar alguma garrafa. Ao chegarmos, já era tarde e a propriedade estava fechada. Por isso, na segunda vez em que estivemos na capital do vinho da Argentina, a vinícola foi uma das prioridades. E valeu muito a pena esperar.

Parte da Finca Ballavista, vinhedo da Achaval Ferrer que fica na sede da bodega, na zona de Perdriel, Luján de Cuyo.

Parte da Finca Bellavista, vinhedo da Achaval Ferrer que fica na sede da bodega, na zona de Perdriel, em Luján de Cuyo.

A bodega fica na região de Perdriel, em Luján de Cuyo. Sua sede é uma casa moderna, toda de tijolos aparentes. Por dentro, há muitos móveis de madeira, o que torna o ambiente bastante elegante e aconchegante. Um dos vinhedos, o Finca Bellavista, fica lá mesmo. Uvas também são plantadas em outros três terrenos, sendo um deles no Valle de Uco, região ao sul de Mendoza e que está a mais de 1.200 metros acima do nível do mar.

A vinícola, que começou a produzir seus vinhos em 1999, nasceu do desejo em comum de cinco pessoas de produzir vinhos de qualidade com o máximo de respeito à natureza. Eles tinham a obsessão pela mínima intervenção possível no percurso que a uva faz desde a terra até a taça.

Casa-sede da vinícola-boutique em Mendoza, onde são produzidas apenas cerca de 250 mil garrafas por ano, apenas de vinhos tintos

Casa-sede da vinícola-boutique, onde são produzidas as cerca de 250 mil garrafas por ano, apenas de vinhos tintos

Para implementar essa filosofia, um dos principais responsáveis foi o enólogo italiano Roberto Cispresso, que desenvolve seu trabalho desde 1987 em algumas das mais reconhecidas vinícolas da região italiana de Montalcino. Estudioso, o especialista criou uma vinícola-laboratório dentro de sua empresa na Itália, onde produz pouquíssimas e preciosas garrafas de vinhos. Nesse trabalho científico, a bodega faz parcerias com universidades de cidades como Milão, Pisa, Trento e Udine.

Visita guiada entre tanques e barricas de carvalho

Visita guiada entre tanques de aço e barricas de carvalho

A partir dessa ideia de fazer vinhos com ciência, na Achaval Ferrer muitos desses resultados e aprendizados são utilizados. Respeitando o que a natureza fornece e intervindo apenas para que ela atue na sua plenitude, boa parte das uvas que produzem são descartadas antes mesmo de estarem prontas para ser colhidas.

Descarte – No sistema da vinícola, pelo menos 50% das uvas são podadas antes do tempo e não são utilizadas na elaboração dos vinhos. Dessa forma, os nutrientes ficam ainda mais concentrados, intensificados, e as uvas que ficam acabam tendo também os seus sabores mais acentuados, doces e vivos.

Vinho 'colhido' da piscina de concreto

Vinho ‘colhido’ da piscina de concreto

Assim, o vinho mais básico da vinícola é produzido a partir das 50% melhores uvas do vinhedo. Já para os vinhos mais especiais, chegam a ser descartadas 80% das uvas. Toda essa exclusividade é sentida a cada gole. E os goles por lá são mesmo preciosos. São produzidas apenas 250 mil garrafas de vinhos por ano. Todos tintos. Para a nossa degustação, nenhuma garrafa foi aberta e foram servidas amostras de barris e de uma garrafa que havia sido usada para apresentação a possíveis investidores.

Assim que chegamos, sentamos em uma sala de degustação linda, com uma grande mesa de vidro. Dois grupos de turistas faziam o passeio ao mesmo tempo. Cada grupo degustou um em uma sala diferente.

Após uma breve explicação sobre a história da vinícola, fomos para a parte de trás da casa, onde estão as piscinas de concreto, local da fermentação. O guia retirou, na hora e na nossa frente, um pouco de vinho, ainda inacabado, de uma das “piletas”, como eles chamam os tanques de concreto, para provarmos. Impressionante como mesmo sem estar pronta, a bebida já parecia um vinho – e bastante bom.

Degustação – Depois, voltamos para a sala de degustação. O primeiro vinho foi o Quimera, da safra de 2012, o único blend (“mistura” de uvas) produzido pela vinícola. Esse vinho é feito com 50 % de malbec, além de outras porcentagens de merlot, cabernet sauvignon, cabernet franc, e petit verdot. A mistura é a tipicamente usada na região de Bordeaux, na França, mas aqui a quantidade de malbec é maior.

No caso do Quimera, 65% das uvas dos vinhedos foram descartadas, sendo usadas, portanto, 35% das frutas. Provavelmente por esse motivo e a maior quantidade de açúcar natural que se concentra na fruta, o sabor do vinho lembrava geléia e compotas de frutas vermelhas. Muito, muito bom…

A linda sala de degustação da vinícola: provas de amostras de vinho das barricas e quase nunca das cobiçadas garrafas

A linda sala de degustação da vinícola: provas de amostras de vinho das barricas e quase nunca das cobiçadas garrafas

O segundo vinho que provamos não estava em garrafa e foi uma amostra retirada de uma barrica de carvalho. Depois de 15 meses na madeira, o Finca Altavista já estava quase indo para a garrafa, onde ficará por mais dois anos. Serão apenas 7 mil e 500 unidades. Para nós, já pareceu um vinho ótimo, caramelizado, cremoso e muito delicado. Ficamos muito curiosos para saber como ele irá ficar quando estiver realmente pronto para a venda.

Vinhos e decanter na mesa de degustação

Vinhos e decanter prontos para a degustação

Depois, fomos ao Finca Bellavista, só de malbec, da safra de 2015. Está há alguns meses na barrica e só ficará pronto para a venda em 2018. Assim como o vinho anterior, apesar de ainda inacabado, estava bem completo e com bastante gosto de fruta. Para produzir esse vinho, nada menos do que 80% das uvas de cada videira foram descartadas.

Em seguida, degustamos o Finca Mirador, da safra de 2013. Esse sim pronto, da garrafa antes oferecida em uma reunião de negócios. Nessa pequena prova pudemos sentir a plenitude de um vinho da Achaval Ferrer já pronto para o consumo. É provável que ele evolua, melhore, ainda por muito tempo, como dizem os especialistas. Nós, que somos sempre a favor do lema “na dúvida, beba”, estamos até agora agradecendo por essa oportunidade.

Vinho de sobremesa elaborado com uvas passas de malbec

Vinho de sobremesa: uvas passas de malbec

O vinho é muito equilibrado e redondo, como costumamos falar. Dá para sentir o adocicado e o gosto de fruta madura das compotas. Também há um gostinho apimentado. Para vocês terem uma ideia, a safra (colheita) de 2008 desse mesmo vinho recebeu 99 pontos na avaliação do famoso crítico americano Robert Parker. Nós também achamos maravilhoso.

Por último, provamos um vinho de sobremesa, com 17% de teor alcoólico, feito somente com uvas passas de malbec. A ideia surgiu a partir de um erro, de um “esquecimento” de uvas amadurecendo. Não há a adição nem de açúcar e nem de álcool extra. Portanto, não é um tinto fortificado (como um Porto, por exemplo). Todo o álcool é proveniente do açúcar natural das uvas passas. Nós adoramos achamos muito esse vinho que, a propósito, só é vendido na vinícola.

É claro que tanto cuidado e tanta delicadeza empregados em cada etapa de produção não resulta em produtos que custam o que poderíamos chamar de “em conta”. Por isso, a degustação de cada um desses vinhos durante a visita é a oportunidade que temos para provar o resultado de uma exclusividade desse porte. E é também por isso que cada jeito que conhecemos de fazer, de trabalhar e de beber essa bebida que está sempre acompanhando momentos de alegria e celebração, é o que nos dá sempre a curiosidade para aprender mais e mais sobre o encantador mundo do vinho.

A. Ferrer - sede - frente

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Tags | achaval ferrer, argentina, bodegas argentinas, finca altamira, finca bellavista, finca mirador, lujan de cuyo, malbec, mendoza, montalcino, perdriel, quimera, roberto cispresso, vino de argentina, wines from argentina
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